Você tem fome de quê?

Após um atendimento desta semana, refleti sobre o quanto certos vazios existentes na nossa vida podem interferir em áreas distintas, principalmente na alimentação.

Além do conforto emocional que proporciona devido a memórias afetivas, comer também é muito prazeroso. E aí está o ponto, o prazer! Se falta prazer em viver, é preciso encontrá-lo em algum lugar e um caminho mais fácil é comendo o que se gosta na mesma proporção do tamanho do vazio (que pode ser em grandes quantidades). Porém, ao invés de resolver o problema, um maior será criado e um ciclo sem fim e doloroso se instala.

E o que fazer diante disso? Com certeza a solução não está somente em ir na consulta com a nutri ouvir que deve comer apenas um quadradinho de chocolate e não a barra inteira, pois a pessoa sabe que deveria fazer isso, mas não consegue agir diferente, sentindo-se culpada e com sua autoconfiança ainda mais abalada.

Para resolver de fato o problema é necessário olhar para dentro e entender o que falta. Reflexões como: “estou levando uma vida plena?”, “sinto prazer em fazer o que faço hoje?”, “gosto da profissão que escolhi?”, “tenho sonhos e aspirações futuras?”, “tenho momentos de lazer?”, “me permito descansar?” podem nos ajudar a entender se há um vazio que precisa ser preenchido de outra forma. Nem sempre é fácil olhar para isso. Descobrir que nos abandonamos deixando de ouvir a nós mesmos e ao que nos faz feliz pode ser muito doloroso. E, pior, descobrir que comer aquele doce em excesso pode ser uma forma de agressão a si mesmo exatamente por se culpar de ter se abandonado.

Tirar estas questões das sombras e trazer para a consciência parece imprescindível para chegar na solução de um problema que não tem origem na comida. Mas o esforço vale a pena, pois não há nada melhor do que se reconectar consigo mesmo, voltar ao equilíbrio e vibrar no autoamor.

Anelise Dutra Pereira

Nutricionista Integrativa